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A FUNDAMENTAL POSIÇÃO CONTRA O FUTEBOL MODERNO

  • Foto do escritor: Victória Aparecida
    Victória Aparecida
  • 22 de abr.
  • 6 min de leitura

Atualizado: 24 de abr.

COMO AS DECISÕES DAS GRANDES ENTIDADES DO FUTEBOL BRASILEIRO AFETAM NA CONSERVAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS NACIONAIS DO ESPORTE E SE MOSTRAM ARBITRÁRIAS DIANTE DOS CENÁRIOS ATUAIS



Notícias e novos regulamentos que vieram a público recentemente, partindo de organizações expressivas do esporte como a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a FPF (Federação Paulista de Futebol), inflamaram torcedores e apoiadores do movimento contra a modernização do futebol brasileiro. As manifestações contras as recentes determinações legais enfatizam a necessidade de não permitir que padrões conservadores e internacionais ditem a expressão da cultura futebolística no nosso país. Apontamentos em relação à mercantilização e a elitização são invocados quando falamos sobre temas como o valor dos ingressos, do salário de jogadores e chefes de federações, da repressão das festas nas arquibancadas, da violência policial, e da defesa ao gramado natural nos campos. Isso porque a modernização vem se constituindo via um pacote de feitos que atingem diversas frentes do futebol, desde a administrativa até a da torcida, e envenena todas (ou tenta) com a ideia de um futebol feito para ser meramente consumido. Empresários, casas de aposta, streaming`s, venda de name rights e por aí vai…. Diversos interesses e ferramentas usados para fazer do esporte do povo, um balcão de negócios, onde não é de interesse incentivar o esporte, ou fomentar a cultura da massa, ou até mesmo conservar a importância histórica dessa paixão nacional; mas sim, lucrar. Fazer dinheiro com tudo o que for possível, negociar pessoas, clubes e sentimentos em transações extraordinariamente milionárias, resumindo um patrimônio cultural de uma nação em mais riquezas aos que já são ricos. 


Foto por: Paulistão - Na foto, a festa com sinalizadores feita nas arquibancadas da Neo Química Arena, no derby da final do Campeonato Paulista 2025. No dia 4 de abril a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) regulamentou um ofício que caracteriza o ato de subir na bola durante uma partida, como ‘’prática antidesportiva’’ e prevê as punições de tiro livre indireto para a equipe adversária e cartão amarelo para o jogador que fazer o ato. Vale destacar que no dia 27 de março, cerca de uma semana antes, aconteceu o derby da final do Campeonato Paulista na Neo Química Arena, jogo que deu o Paulistão de n.º 31 pro Coringão e quebrou o jejum de 6 anos sem título, agregado aos relevantes fatores de estar em casa e vencer o maior rival. Aos 44 minutos do 2º tempo, Memphis Depay subiu na bola - ficou por cerca de 3 segundos - e sofreu a falta de Facundo Torres, seguida de uma briga iniciada pelos jogadores do Palmeiras. O fato, nitidamente influenciado pela atitude de Memphis, não pareceu sequer uma coincidência. A principal organização do país tomou a decisão de punir uma ação completamente inofensiva e que faz parte da expressão do jogo por julgar ‘’falta de respeito ao futebol’’ e passível de ‘’gerar transtornos generalizados nas partidas’’. Ou seja, ao invés da Confederação se preocupar em punir os times e os jogadores que reagem de maneira violenta e agressiva a esse tipo de expressão, preferem descaracterizar cada vez mais a arte do futebol, tomando atitudes ineficientes e, pior, seletivas. 


MARGINALIZAÇÃO DA TORCIDA POPULAR

Nesse mesmo jogo que influenciou a decisão arbitrária e seletiva da CBF na ‘’Lei anti-Memphis’’, com a FPF (Federação Paulista de Futebol) não foi diferente. A torcida do Corinthians utilizou inúmeros sinalizadores na sua festa da arquibancada para comemorar o título, artefatos esses acesos no minutos finais do jogo, formando uma linda e emocionante festa, além de uma atmosfera rara na decisão. No ano de 2010 foi instaurada a lei n.º 12.299, que diz respeito à proibição do uso de sinalizadores nos estádios de todo o Brasil, com isso, a Federação Paulista pôde punir o clube com a proibição da entrada das principais torcidas organizadas do time (Gaviões da Fiel, Camisa 12, Estopim da Fiel, Coringão Chopp, Pavilhão 9 e Fiel Macabra) em todos os estádios de São Paulo, até o fim da temporada. Outras leis como a nº 9.470/1996, reforçada em 2023, que proíbe a entrada de bandeiras e bandeirões em mastros nos estádios, e a n.º 6.614/2016 que proíbe torcida visitante em clássicos paulistas, reforçam no âmbito judicial a displicência de órgãos públicos de administração e das organizações federativas de futebol em relação a lidar de maneira eficaz com os problemas de segurança que são base para essas medidas legislativas. As organizações são incapazes de criarem e elaborarem planos para a administração integral desse grande evento que é o futebol em São Paulo, e por isso preferem tomar o caminho mais rápido e higienista, o de proibir. Proíbem torcida, bateria, faixa, bandeirão, fogos de artifício, sinalizadores e tudo o que podem. Seguem a lógica do elitismo e pouco se importam com a preocupante descaracterização e esvaziamento das tradições que está havendo no nosso futebol. Proíbem os marcadores culturais dessa expressão, aumentam os ingressos e investem em arquiteturas hostis e padrão, que não são pensadas para as festas de arquibancada históricas que fazem parte do DNA brasileiro, pelo contrário, são pensadas para receberem telespectadores que se comportam como num teatro - ou na pior das hipóteses, como na Europa - e acabam resumindo incentivadores à consumidores, que mais uma vez, não alimentam o futebol em sua verdadeira essência.


Foto por: Paulistão - Na foto, a festa com sinalizadores feita nas arquibancadas da Neo Química Arena, no derby da final do Campeonato Paulista 2025.


Questões que também vem sendo discutidas e que estão inclusas no pacote ‘’Futebol moderno’’ como o gramado sintético, o VAR no Brasil, as apostas e os inadmissíveis valores dos ingressos, reforçam o tema central dessa crítica (mercantilização) e evidencia de maneira prática que, todas essas questões são tratadas com base no lucro. No retorno financeiro que podem dar aos grandes investidores, empresários e entidades. O gramado é uma das mais relevantes reivindicações feitas inclusive pelos jogadores, que em sua maioria, preferem o gramado natural por (obviamente) ser mais adequado para a modalidade, visando a saúde e a longevidade na atuação dos mesmos. A cogitação pela padronização dos gramados em sintético também atua na descaracterização das tradições do esporte, visto que os melhores e mais importantes gramados do futebol brasileiro foram, e ainda são, os naturais. Já o VAR carrega intrinsecamente consigo a soma da problemática atuação da arbitragem brasileira nos últimos anos, em especial no estado de São Paulo, composta por árbitros parciais e despreparados para a função. Soma-se isso ao fato de que, na ânsia de seguir os passos do futebol internacional, a arbitragem de vídeo foi instaurada aqui sem que fosse pensado em uma gradual adaptação, ou seja, houve pouquíssimo tempo para que os árbitros se profissionalizaram para atuar com o vídeo, além de não ter sido pensado nas necessidades que essa tecnologia necessita, como estrutura, equipamentos, maquinários, capacitações e outros, o que faz essa ferramenta ser usada apenas em campeonatos, regiões e por federações específicas e não em totalidade na modalidade. As casas de apostas e casinos online que patrocinam times e campeonatos atualmente, são um caso à parte. Além de terem sido regularizadas de maneira irresponsável no país, sem um plano direto para lidar com os possíveis problemas relacionados a vícios e compulsões dos seus usuários, tornaram-se as principais detentoras dos direitos referentes a nomes e marcas no futebol, sendo assim, as ‘’bets’’ são, hoje, as mais divulgadas e incentivadas por times, emissoras, e campeonatos. Ainda, após a chegada das ‘’bets’’, os casos de subordinação e fraude esportiva aumentaram vertiginosamente, o que não era surpresa para ninguém que aconteceria se as apostas esportivas se tornassem comuns e legalizadas. E tudo isso influencia…. No preço dos ingressos. Quando falamos sobre a elitização do futebol, da higienização e da mercantilização, o aumento no preço dos ingressos é a primeira ferramenta usada para chegar até esse objetivo. É assim que os grandes poderes selecionam quem tem o direito de consumir cultural, ter lazer e incentivo ao esporte, e mais, decidem quais serão as características sociais e econômicas das pessoas que compõem as arquibancadas - ou, nesse caso, as cadeiras numeradas.-, e assim, tentam controlar todo esse fenômeno que é o futebol e a paixão do torcedor brasileiro, para conseguirem sempre sanar e priorizar seus interesses pessoais.


POSICIONAMENTO FINAL

O que estamos tentando dizer - e dizendo- por aqui, é que o que foi gerado, fomentado e colocado no lugar onde está pelas massas brasileiras, não pode ser destituído de maneira gananciosa e hostil por pessoas, organizações ou entidades nenhuma, e que o dinheiro não compra nem vende o imaterial. A paixão, o amor, o compromisso e o respeito que o torcedor tem pelo seu clube e pelo futebol não são negociáveis nem passíveis de lucro. A cultura do futebol popular já é a própria resistência a esses ideais, visto que os operários se apropriaram de algo que só a elite possuia acesso, e democratizaram ela. Trouxe a cultura para a massa trabalhadora, os mais pobres e marginalizados da sociedade, e foram esses que fizeram do futebol brasileiro a potência mundial que é. Por isso, é necessário que todos somem no movimento contra essa modernização e elitização do futebol, para que ele

permaneça sendo uma das expressões mais lindas de amor que o povo brasileiro conhece.


As AlviNegras reiteram aqui a sua posição extremamente contra o futebol moderno, e seu compromisso em compartilhar e democratizar debates que nos unam a favor dessa causa.


Pelo Corinthians,

pela cultural,

com muito amor

até o fim. 








 
 
 

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